Elisa. Princesa Elisa. Ela não era mais a Princesa Elisa. Uma princesa não estaria ali sentada, sozinha, segurando um copo barato de cerveja. Princesa Elisa... Quem foi essa maldita Princesa Elisa?, pensava. Nunca existiu nenhuma princesa com esse nome.
No início, ficou com raiva do pai. Por que foi inventar isso? Nunca existiu nenhuma Princesa Elisa. Inventou pra me agradar, quando criança, mas agora faz eu me sentir mal, sabendo que eu não sou essa princesa. Sou uma pessoa suja e fracassada.
Um membro da família Real teria um castelo, um carro bonito e muitos amigos. Falsos amigos, interesseiros, é verdade. Mas nem isto eu tenho, ela pensava. Nem alguém querendo se aproximar de mim para satisfazer interesses próprios. Que bobagem! Por que alguém teria interesse em mim? Não tenho nada. Não tenho poder, nem pareço ter. Status, dinheiro, posses... nada! Um emprego qualquer e um apartamento alugado não despertariam a inveja de ninguém.
Depois, talvez pelo efeito dos goles de cerveja, se sentiu confortável, gostou da idéia de ser uma princesa. Afinal, a Princesa Elisa era tudo o que ela tinha. Era a melhor parte dela mesma. A parte doce, inocente, ingênua. A Princesa Elisa era uma criança. Era a sua melhor lembrança e, quem sabe, seu melhor presente também.
Não viu o tempo passar naquele bar. As memórias transportaram Elisa pra longe. Já era noite e só restavam três mesas ocupadas. Um casal, um velho barbudo e Elisa. Os garçons estavam impacientes. Já fechavam janelas, recolhiam bandejas. Apesar da tontura que o álcool lhe causava e da viagem ao passado, Elisa já havia percebido que era hora de ir embora. Além do mais, dali a poucas horas tinha que ir trabalhar. Foi embora sem pagar.
Ninguém foi atrás dela cobrar a dívida. Deixa, coitada. Deixa ela ir. Essa aí vem quase todos os dias, desse mesmo jeito. Tiara de prata, que mal aparece no cabelo embaraçado e volumoso, capa de tule rosa e um batom bem claro nos lábios. Sempre sai daqui bêbada, mas alegre. Como se esse momento fosse a melhor parte do seu dia e a desse forças para agüentar o próximo. Hoje, saiu calada. E, antes, disso, gritou com os garçons para que a chamassem de princesa. Ou melhor, Princesa Elisa.
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Arrepios
Uma sensação que sempre me intrigou muito, desde pequena, é o arrepio. Isso porque nunca consegui definir bem se ficar arrepiado é uma sensação boa ou ruim. Eu sei, a maioria das pessoas vai dizer que, certamente, arrepiar-se é algo bom. É bom, mas é ruim, sabe? Dá vontade de rir, de sentir de novo, mas também dá vontade de escapar, de bloquear o que está causando o arrepio.
Acho uma das sensações mais estranhas e interessantes que o ser humano pode ter. “Foi tão lindo, que fiquei toda arrepiada”, “Oh, chego a me arrepiar todo só de ouvir”. Acredito que esta minha incerteza quanto ao arrepio seja decorrente do fato de que eu fico arrepiada com coisas estranhas. Exemplo: é verão, o carro está estacionado sob o sol forte há duas horas. Se eu entrar nesse carro, fico arrepiada. Não tem erro. Uma reportagem, uma cena de filme, alguma edição que misture cenas e trilha sonora bonita já é suficiente pra me arrepiar. Para se ter idéia, meu braço ficou todo eriçado ao assistir a algumas cenas dos Jogos Pan-Americanos, que mostravam os atletas emocionados, acompanhadas de uma música clássica forte, bonita. Não é tão freqüente, mas acontece.
Pensando bem, até que eu gosto de arrepios. O arrepio é algo, digamos, sublime, que exterioriza uma forte emoção, uma mistura de sentimentos, algo indefinido. Por um instante, parece que não pensamos em nada, a mente fica em branco; o corpo estremece, sentimos como se não pudéssemos controlá-lo até o arrepio passar; parece que a alma abandonou o corpo, que não somos mais nós mesmos; paramos o que estamos fazendo, respiramos fundo, o arrepio passa.
E o melhor é que por mais que já tenhamos nos arrepiado milhões de vezes, parece sempre ser uma sensação nova, desconhecida, nunca perde o valor. Não se torna sem graça, não deixa de nos chamar a atenção.
PS: estranhamente, fiquei arrepiada escrevendo estes dois últimos parágrafos.
Acho uma das sensações mais estranhas e interessantes que o ser humano pode ter. “Foi tão lindo, que fiquei toda arrepiada”, “Oh, chego a me arrepiar todo só de ouvir”. Acredito que esta minha incerteza quanto ao arrepio seja decorrente do fato de que eu fico arrepiada com coisas estranhas. Exemplo: é verão, o carro está estacionado sob o sol forte há duas horas. Se eu entrar nesse carro, fico arrepiada. Não tem erro. Uma reportagem, uma cena de filme, alguma edição que misture cenas e trilha sonora bonita já é suficiente pra me arrepiar. Para se ter idéia, meu braço ficou todo eriçado ao assistir a algumas cenas dos Jogos Pan-Americanos, que mostravam os atletas emocionados, acompanhadas de uma música clássica forte, bonita. Não é tão freqüente, mas acontece.
Pensando bem, até que eu gosto de arrepios. O arrepio é algo, digamos, sublime, que exterioriza uma forte emoção, uma mistura de sentimentos, algo indefinido. Por um instante, parece que não pensamos em nada, a mente fica em branco; o corpo estremece, sentimos como se não pudéssemos controlá-lo até o arrepio passar; parece que a alma abandonou o corpo, que não somos mais nós mesmos; paramos o que estamos fazendo, respiramos fundo, o arrepio passa.
E o melhor é que por mais que já tenhamos nos arrepiado milhões de vezes, parece sempre ser uma sensação nova, desconhecida, nunca perde o valor. Não se torna sem graça, não deixa de nos chamar a atenção.
PS: estranhamente, fiquei arrepiada escrevendo estes dois últimos parágrafos.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Inspiração de sobra
Já li pelo menos um bilhão de textos sobre falta de inspiração, o tal "branco" ou qualquer outra coisa que possa ser inserida nesta categoria. Mas nunca li nada a respeito do excesso de inspiração. Por que não? Será que não há escritores que, um belo dia, foram atacados por um turbilhão de idéias sobre diferentes temas?
Pois isto aconteceu comigo há algum tempo atrás. Nunca retirei meus melhores amigos - o bloco de papel e a caneta - tantas vezes da bolsa em um mesmo dia. E meus dedos nunca trabalharam tanto, tendo que anotar, anotar e anotar a idéia que estava chegando, assim, sem pedir licença e sem ao menos telefonar antes de vir. Neste dia, acredite, pelo menos cinco textos foram esboçados em meu pequeno bloco de anotações. Fiquei tão alovoraçada, pois tenho quase certeza de que o contrário é muito mais comum. Mas também fiquei meio irritada, confesso, pois a chuva torrencial de idéias resolveu aparecer justo em um dia em que eu não tinha tempo para sentar, pensar, colocar tudo em ordem e escrever.
Baseada nesta experiência, cheguei à conclusão de que a inspiração é como namorado(a): quando queremos alguma, por mais simples que seja, não encontramos; quando já temos, aparecem outras trezentas querendo tomar o lugar da primeira.
Ou então como festas: numa noite não tem NADA; na outra, as melhores festas do mês.
Ou como estágios: enviamos currículo para dezenas de empresas, nos sentimos inúteis, currículo para dezenas de empresas e queremos muito trabalhar. Nada aparece; alguns meses depois, conseguimos um ótimo estágio, estamos felizes, mas o telefone celular não pára de tocar. São ofertas tentadoras, que resolvem aparecer todas ao mesmo tempo, justamente quando já estamos ocupados.
Ou como... chega! Acabou a inspiração.
Pois isto aconteceu comigo há algum tempo atrás. Nunca retirei meus melhores amigos - o bloco de papel e a caneta - tantas vezes da bolsa em um mesmo dia. E meus dedos nunca trabalharam tanto, tendo que anotar, anotar e anotar a idéia que estava chegando, assim, sem pedir licença e sem ao menos telefonar antes de vir. Neste dia, acredite, pelo menos cinco textos foram esboçados em meu pequeno bloco de anotações. Fiquei tão alovoraçada, pois tenho quase certeza de que o contrário é muito mais comum. Mas também fiquei meio irritada, confesso, pois a chuva torrencial de idéias resolveu aparecer justo em um dia em que eu não tinha tempo para sentar, pensar, colocar tudo em ordem e escrever.
Baseada nesta experiência, cheguei à conclusão de que a inspiração é como namorado(a): quando queremos alguma, por mais simples que seja, não encontramos; quando já temos, aparecem outras trezentas querendo tomar o lugar da primeira.
Ou então como festas: numa noite não tem NADA; na outra, as melhores festas do mês.
Ou como estágios: enviamos currículo para dezenas de empresas, nos sentimos inúteis, currículo para dezenas de empresas e queremos muito trabalhar. Nada aparece; alguns meses depois, conseguimos um ótimo estágio, estamos felizes, mas o telefone celular não pára de tocar. São ofertas tentadoras, que resolvem aparecer todas ao mesmo tempo, justamente quando já estamos ocupados.
Ou como... chega! Acabou a inspiração.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Pré-conceito
Estava na parada de ônibus. Duas meninas se aproximaram, falando alto. De cara, pensei “ih, isso aí vai render! Já vou até tirar meu bloco e minha caneta da bolsa, que vai render um texto”. Dito e feito.
Lá pelas tantas, as duas começaram a falar de livros, especialmente do escritor Paulo Coelho. Uma declaração, em especial, me chamou a atenção: “Eu nunca li nenhum livro dele, mas eu o odeio. Ele pode até escrever algo decente, algum dia, mas meu ódio por ele vai ser imortal”.
Em primeiro lugar, a menina não tinha lido uma palavra sequer escrita pelo Paulo Coelho e se sentia no direito de odiar ele, assim, sem motivo. E, pior ainda, não lhe dava créditos. Quer dizer que se estivesse escrito o nome Paulo Coelho no melhor livro que ela já leu, nem teria lido, é isso? Não tem explicação.
Não estou defendendo o escritor, por favor, não me entendam mal. Para falar a verdade, também não gosto dele. Li um de seus livros, o “O Alquimista”, e não me agradou. O que destaco é apenas um pequeno fato, isolado, mas que representa algo muito comum no nosso dia-a-dia: o rótulo, o pré-conceito.
Desde crianças exercitamos nosso ímpeto julgador. Olhávamos para a comida e dizíamos que não gostávamos dela, sem nunca ter provado. Na verdade, o que não nos agradava era a “cara” da refeição, não é mesmo? E, desde então, não mudamos nossas atitudes. Falamos mal sem ter visto, lido, experimentado, feito. É um discurso vazio, sem qualidade nem validade alguma, pois não apresenta argumentos, além de injusto.
Colocamos logo um rótulo em inúmeras coisas; separamos aquilo que não conhecemos daquilo que não conhecemos e (dizemos que) não gostamos. Mas há alguma diferença?
Nosso pré-conceito pode afetar nosso relacionamento em sociedade, nos privar de ótimas experiências, maravilhosas companhias, inesquecíveis viagens, bons shows, novas amizades, enfim, uma série de coisas que a vida nos oferece. Vamos fazer uma forcinha e nos reeducarmos.
Vale a reflexão.
Lá pelas tantas, as duas começaram a falar de livros, especialmente do escritor Paulo Coelho. Uma declaração, em especial, me chamou a atenção: “Eu nunca li nenhum livro dele, mas eu o odeio. Ele pode até escrever algo decente, algum dia, mas meu ódio por ele vai ser imortal”.
Em primeiro lugar, a menina não tinha lido uma palavra sequer escrita pelo Paulo Coelho e se sentia no direito de odiar ele, assim, sem motivo. E, pior ainda, não lhe dava créditos. Quer dizer que se estivesse escrito o nome Paulo Coelho no melhor livro que ela já leu, nem teria lido, é isso? Não tem explicação.
Não estou defendendo o escritor, por favor, não me entendam mal. Para falar a verdade, também não gosto dele. Li um de seus livros, o “O Alquimista”, e não me agradou. O que destaco é apenas um pequeno fato, isolado, mas que representa algo muito comum no nosso dia-a-dia: o rótulo, o pré-conceito.
Desde crianças exercitamos nosso ímpeto julgador. Olhávamos para a comida e dizíamos que não gostávamos dela, sem nunca ter provado. Na verdade, o que não nos agradava era a “cara” da refeição, não é mesmo? E, desde então, não mudamos nossas atitudes. Falamos mal sem ter visto, lido, experimentado, feito. É um discurso vazio, sem qualidade nem validade alguma, pois não apresenta argumentos, além de injusto.
Colocamos logo um rótulo em inúmeras coisas; separamos aquilo que não conhecemos daquilo que não conhecemos e (dizemos que) não gostamos. Mas há alguma diferença?
Nosso pré-conceito pode afetar nosso relacionamento em sociedade, nos privar de ótimas experiências, maravilhosas companhias, inesquecíveis viagens, bons shows, novas amizades, enfim, uma série de coisas que a vida nos oferece. Vamos fazer uma forcinha e nos reeducarmos.
Vale a reflexão.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
O homem que pensava demais
Andava sozinho. Não porque ninguém gostava dele. Não, pelo contrário. Os amigos sempre ligavam. Tinha uma fila de meninas se atirando aos seus pés. Era muto bonito. E inteligente. Os familiares o admiravam. Queria andar sozinho. Sempre. Achava que sozinho conseguia pensar melhor. Sim, as idéia fluíam. Quando se está acompanhado, não se consegue processar o raciocínio numa linha constante e lógica. Esta linha sofre ruídos, é fragmentada, perde força ao longo do caminho. Quando se está acompanhado por outras pessoas, elas não lhe deixam pensar, não lhe dão chance de estar acompanhado por si mesmo também. É como se apenas a carcaça estivesse ali, ouvindo e proferindo respostas prontas, previsíveis. Quando se está sozinho, se está acompanhado de si mesmo. Alma e corpo funcionam juntos, sincronizadamente. Era assim que ele pensava.
Preferia os livros às pessoas. Pois os livros, mais ainda, o estimulavam. E as pessoas, ao contrário, o bloqueavam. A música também não lhe era tragável. Filmes, talvez, por se assemelharem mais aos livros. Mas o que ele realmente prezava era o silêncio.
Durante o dia, gostava de andar sozinho em parques, principalmente os que tinham muitas árvores. Apreciava a boa companhia... de si mesmo, à noite. Morava com os pais, já bem velhos. Os amigos o tinham como uma espécie de herói, talvez por ainda não terem se livrado das imagens do tempo da faculdade. Aquele rapaz quieto, estudioso, que sob o efeito de poucos goles de cerveja, nem parecia o mesmo. Bebia. Mas não fumava. Detestava cigarros.
Aquele que, sem esforço algum, poderia ter a garota que quisesse. Com apenas uma exceção: Manuela.
Manuela estava longe de ser a garota mais bonita com quem já saiu. Mas havia algo em seus trejeitos e seu cabelo longo e escuro que o fascinava. Ela não era previsível como todas as outras. Era inconstante. Tinha personalidade. Adorava livros e filmes. Só acompanhava a seção de esportes nos jornais. Chico Buarque, Bee Gees e Martinho da Vila. Não fumava. Bebia demais. Falava pouco. Não desperdiçava palavras. Só se manifestava quando tinha algo importante a dizer. Gostava de gatos.
Manuela foi morar na Indonésia, sem saber que era tão importante para alguém. Foi, justamente, por achar que ninguém se importava com ela.
Desde então, ele parou de beber. Calou-se, mais ainda. Não agüentava o barulho atrapalhando suas reflexões. Não suportava interrupções, perguntas que fizessem com que ele saísse do transe e retornasse à realidade, ao lugar onde estava aquela pessoa chata, que não o deixava sonhar com Manuela. Manuela, livros, silêncio.
Um dia, resolveu ousar. Foi a uma loja de CD´s. Pediu para escutar o melhor CD dos Bee Gees. Queria experimentar. Como se fosse uma droga perigosa, queria ter certeza antes de comprar o disco. Gostou. Gostou demais. Aquilo era realmente uma droga perigosa, pensava. Aquilo lhe trazia uma sensação de paz, só vivida antes com Manuela. Gostou da música, dos acordes, do ritmo e da lembrança daquela garota da faculdade. O som parecia trazer Manuela de volta.
Percebeu a presença de alguém ao seu lado. Inicialmente, pensou ser o vendedor. Olha para o lado. Era Manuela. Enorme sorriso no rosto. Cabelos vermelhos. Abraço forte. Entusiasmo. Espanto. “Ei, o que tu estás fazendo aqui? Tu nem gostas de Bee Gees. Eu lembro que na faculdade...”.
Ele deu uma desculpa e foi embora. Passos rápidos. Não queria mais vê-la. Ela falava demais! Não queria falar com ela. Queria pensar nela. Só isso. Queria lembrar. Sonhar acordado. Ela o atrapalhava.
Foi até o bar mais próximo. Pediu uma cerveja. Acendeu um cigarro.
Preferia os livros às pessoas. Pois os livros, mais ainda, o estimulavam. E as pessoas, ao contrário, o bloqueavam. A música também não lhe era tragável. Filmes, talvez, por se assemelharem mais aos livros. Mas o que ele realmente prezava era o silêncio.
Durante o dia, gostava de andar sozinho em parques, principalmente os que tinham muitas árvores. Apreciava a boa companhia... de si mesmo, à noite. Morava com os pais, já bem velhos. Os amigos o tinham como uma espécie de herói, talvez por ainda não terem se livrado das imagens do tempo da faculdade. Aquele rapaz quieto, estudioso, que sob o efeito de poucos goles de cerveja, nem parecia o mesmo. Bebia. Mas não fumava. Detestava cigarros.
Aquele que, sem esforço algum, poderia ter a garota que quisesse. Com apenas uma exceção: Manuela.
Manuela estava longe de ser a garota mais bonita com quem já saiu. Mas havia algo em seus trejeitos e seu cabelo longo e escuro que o fascinava. Ela não era previsível como todas as outras. Era inconstante. Tinha personalidade. Adorava livros e filmes. Só acompanhava a seção de esportes nos jornais. Chico Buarque, Bee Gees e Martinho da Vila. Não fumava. Bebia demais. Falava pouco. Não desperdiçava palavras. Só se manifestava quando tinha algo importante a dizer. Gostava de gatos.
Manuela foi morar na Indonésia, sem saber que era tão importante para alguém. Foi, justamente, por achar que ninguém se importava com ela.
Desde então, ele parou de beber. Calou-se, mais ainda. Não agüentava o barulho atrapalhando suas reflexões. Não suportava interrupções, perguntas que fizessem com que ele saísse do transe e retornasse à realidade, ao lugar onde estava aquela pessoa chata, que não o deixava sonhar com Manuela. Manuela, livros, silêncio.
Um dia, resolveu ousar. Foi a uma loja de CD´s. Pediu para escutar o melhor CD dos Bee Gees. Queria experimentar. Como se fosse uma droga perigosa, queria ter certeza antes de comprar o disco. Gostou. Gostou demais. Aquilo era realmente uma droga perigosa, pensava. Aquilo lhe trazia uma sensação de paz, só vivida antes com Manuela. Gostou da música, dos acordes, do ritmo e da lembrança daquela garota da faculdade. O som parecia trazer Manuela de volta.
Percebeu a presença de alguém ao seu lado. Inicialmente, pensou ser o vendedor. Olha para o lado. Era Manuela. Enorme sorriso no rosto. Cabelos vermelhos. Abraço forte. Entusiasmo. Espanto. “Ei, o que tu estás fazendo aqui? Tu nem gostas de Bee Gees. Eu lembro que na faculdade...”.
Ele deu uma desculpa e foi embora. Passos rápidos. Não queria mais vê-la. Ela falava demais! Não queria falar com ela. Queria pensar nela. Só isso. Queria lembrar. Sonhar acordado. Ela o atrapalhava.
Foi até o bar mais próximo. Pediu uma cerveja. Acendeu um cigarro.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Meu Manual de Instruções
(Inspirado no texto "Eu, Modo de Usar", da Martha Medeiros)
Me observe de longe, adoro troca de olhares.
Mas não seja tão descarado a ponto de eu achar que você é assim sempre, nem tão discreto, de modo que eu não consiga perceber que você está me olhando.
Me faça rir, rir muito!
Fale dos outros a nossa volta, conte besteiras!
Mostre que quer algo da vida, que não está só de passagem, que não é avoado, que quer trabalhar, estudar... mostre-se responsável!
Você tem que ser engraçado... mas ao mesmo tempo sério e ambicioso.
Saiba curtir a vida!
Tome um porre comigo, vá a uma festa em um dia de semana, tome banho de chuva...
Mas também seja chato, queira estudar para uma prova, dormir cedo.
É importante saber conciliar tudo!
Seja caseiro também, alugue um filme, peça uma pizza.
Me faça pequenas surpresas, deixe um bilhete na minha bolsa, me dê uma flor, me ligue em um momento inesperado...
Não sou uma mulher cara, nem difícil de agradar.
Goste de esportes!
Seja companheiro para tudo, desde uma festa com todos os nossos amigos até um almoço de família num domingo!
Esteja sempre disposto
(tudo bem, pode ter seus dias de preguiça também)!
Saiba ceder e fazer com que eu ceda!
Não se faça de esquecido para tirar vantagem em determinadas situações!
Não fique em cima do muro, assuma as suas vontades, mas não queira que elas sejam atendidas sempre!
Não tente fazer com que a nossa relação seja perfeita, invente uma briguinha idiota de vez em quando!
Mas não exagere!
Me abrace quando eu chorar, em silêncio!
Mas caso o motivo do choro seja você...
ME ABRACE TAMBÉM!
Se eu mandar você embora, não vá! Ou pelo menos insista pra ficar.
Não seja estúpido, isso me irrita tanto...
E não grite comigo, pois eu vou gritar também!
Exponha sua opinião, mesmo que ela seja contrária à minha.
Saiba argumentar e saiba aceitar meus argumentos também.
JAMAIS tente impor a sua opinião sobre a minha de modo que não seja através de argumentos coerentes e aceitáveis.
Me contrarie às vezes, não preciso estar sempre certa... você não precisa fazer TUDO que eu quiser, nem do meu jeito (só as vezes, tá?!)
Me critique, não me importo...mas também saiba me elogiar e valorizar as coisas boas em mim, ok?
Aceite críticas também...pense sobre, não se irrite, não ache que eu quero mudar você ou que eu me acho superior (!!!)...só dê uma chance e reflita...
Saiba admitir quando está errado e, principalmente, saiba pedir desculpas.
Não tenha vergonha de chorar na minha frente.
Não banque meu pai, nem meu irmão mais velho... o seu papel não é esse.
Não me encha de presentes, mas seja carinhoso, muito carinhoso!
Cuide de mim quando eu estiver doente... eu adoro ser mimada!
Mas só faça isso se você for capaz de manter essas atitudes ao longo da relação! Não me deixe mal acostumada!
Não fume, beba de vez em quando...
Não me acorde, odeio ser acordada.
Mas você será perdoado se for amável, tranqüilo...e se me deixar ficar mais cinco minutos na cama!
Seja sincero, diga que eu estou linda ou que não gostou da roupa...
Mas se você acha que a sua sinceridade vai me irritar ou me deixar muito triste...hmm...melhor mentir!
Diga que me acha bonita, que eu chamo a atenção, que eu tenho personalidade e que você gosta de conversar comigo. Não fale do meu corpo, mas elogie meus cabelos e meu perfume.
Não precisa reparar quando eu tiver cortado o cabelo, nem quando eu estiver vestindo uma roupa nova, não ligo para isso!
Me conte alguns de seus segredos, não todos..
Viva a sua vida e me deixe viver a minha...
É importante que se preserve a individualidade.
Não queira viver grudado em mim, não gosto de vida de marido e mulher, a menos que eu realmente esteja casada!
Me faça sentir saudades, ficar brava por não poder te ver.
Sinta ciúmes de mim e me faça sentir ciúmes de você também (de novo: não exagere!). Mas mostre que confia em mim e que é confiável!
Os sentimentos precisam oscilar e o coração tem que continuar batendo (por isso as briguinhas e a saudade são importantes, entendeu?).
Não tente mandar em mim!
Me deixe sonhar e, além disso, me apóie nos meus sonhos...
Mas seja um pouco realista quando achar que deve.
Valorize sua família e seja agradável quando estiver com a minha.
Se você já leu tudo até aqui, ótimo!
Se você não leu, não importa...não precisa seguir tudo isso, relacionamentos não obedecem a regras...(não precisa fazer tudo que eu quiser, lembra?)
Apenas goste de mim e, principalmente, me respeite!Ponto!
Me observe de longe, adoro troca de olhares.
Mas não seja tão descarado a ponto de eu achar que você é assim sempre, nem tão discreto, de modo que eu não consiga perceber que você está me olhando.
Me faça rir, rir muito!
Fale dos outros a nossa volta, conte besteiras!
Mostre que quer algo da vida, que não está só de passagem, que não é avoado, que quer trabalhar, estudar... mostre-se responsável!
Você tem que ser engraçado... mas ao mesmo tempo sério e ambicioso.
Saiba curtir a vida!
Tome um porre comigo, vá a uma festa em um dia de semana, tome banho de chuva...
Mas também seja chato, queira estudar para uma prova, dormir cedo.
É importante saber conciliar tudo!
Seja caseiro também, alugue um filme, peça uma pizza.
Me faça pequenas surpresas, deixe um bilhete na minha bolsa, me dê uma flor, me ligue em um momento inesperado...
Não sou uma mulher cara, nem difícil de agradar.
Goste de esportes!
Seja companheiro para tudo, desde uma festa com todos os nossos amigos até um almoço de família num domingo!
Esteja sempre disposto
(tudo bem, pode ter seus dias de preguiça também)!
Saiba ceder e fazer com que eu ceda!
Não se faça de esquecido para tirar vantagem em determinadas situações!
Não fique em cima do muro, assuma as suas vontades, mas não queira que elas sejam atendidas sempre!
Não tente fazer com que a nossa relação seja perfeita, invente uma briguinha idiota de vez em quando!
Mas não exagere!
Me abrace quando eu chorar, em silêncio!
Mas caso o motivo do choro seja você...
ME ABRACE TAMBÉM!
Se eu mandar você embora, não vá! Ou pelo menos insista pra ficar.
Não seja estúpido, isso me irrita tanto...
E não grite comigo, pois eu vou gritar também!
Exponha sua opinião, mesmo que ela seja contrária à minha.
Saiba argumentar e saiba aceitar meus argumentos também.
JAMAIS tente impor a sua opinião sobre a minha de modo que não seja através de argumentos coerentes e aceitáveis.
Me contrarie às vezes, não preciso estar sempre certa... você não precisa fazer TUDO que eu quiser, nem do meu jeito (só as vezes, tá?!)
Me critique, não me importo...mas também saiba me elogiar e valorizar as coisas boas em mim, ok?
Aceite críticas também...pense sobre, não se irrite, não ache que eu quero mudar você ou que eu me acho superior (!!!)...só dê uma chance e reflita...
Saiba admitir quando está errado e, principalmente, saiba pedir desculpas.
Não tenha vergonha de chorar na minha frente.
Não banque meu pai, nem meu irmão mais velho... o seu papel não é esse.
Não me encha de presentes, mas seja carinhoso, muito carinhoso!
Cuide de mim quando eu estiver doente... eu adoro ser mimada!
Mas só faça isso se você for capaz de manter essas atitudes ao longo da relação! Não me deixe mal acostumada!
Não fume, beba de vez em quando...
Não me acorde, odeio ser acordada.
Mas você será perdoado se for amável, tranqüilo...e se me deixar ficar mais cinco minutos na cama!
Seja sincero, diga que eu estou linda ou que não gostou da roupa...
Mas se você acha que a sua sinceridade vai me irritar ou me deixar muito triste...hmm...melhor mentir!
Diga que me acha bonita, que eu chamo a atenção, que eu tenho personalidade e que você gosta de conversar comigo. Não fale do meu corpo, mas elogie meus cabelos e meu perfume.
Não precisa reparar quando eu tiver cortado o cabelo, nem quando eu estiver vestindo uma roupa nova, não ligo para isso!
Me conte alguns de seus segredos, não todos..
Viva a sua vida e me deixe viver a minha...
É importante que se preserve a individualidade.
Não queira viver grudado em mim, não gosto de vida de marido e mulher, a menos que eu realmente esteja casada!
Me faça sentir saudades, ficar brava por não poder te ver.
Sinta ciúmes de mim e me faça sentir ciúmes de você também (de novo: não exagere!). Mas mostre que confia em mim e que é confiável!
Os sentimentos precisam oscilar e o coração tem que continuar batendo (por isso as briguinhas e a saudade são importantes, entendeu?).
Não tente mandar em mim!
Me deixe sonhar e, além disso, me apóie nos meus sonhos...
Mas seja um pouco realista quando achar que deve.
Valorize sua família e seja agradável quando estiver com a minha.
Se você já leu tudo até aqui, ótimo!
Se você não leu, não importa...não precisa seguir tudo isso, relacionamentos não obedecem a regras...(não precisa fazer tudo que eu quiser, lembra?)
Apenas goste de mim e, principalmente, me respeite!Ponto!
sábado, 9 de junho de 2007
Apresentação
Neste blog publicarei crônicas de minha autoria sobre os mais variados temas.
Se houver interesse, confiram meu outro blog: http://gianahahn.blogspot.com
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