Elisa. Princesa Elisa. Ela não era mais a Princesa Elisa. Uma princesa não estaria ali sentada, sozinha, segurando um copo barato de cerveja. Princesa Elisa... Quem foi essa maldita Princesa Elisa?, pensava. Nunca existiu nenhuma princesa com esse nome.
No início, ficou com raiva do pai. Por que foi inventar isso? Nunca existiu nenhuma Princesa Elisa. Inventou pra me agradar, quando criança, mas agora faz eu me sentir mal, sabendo que eu não sou essa princesa. Sou uma pessoa suja e fracassada.
Um membro da família Real teria um castelo, um carro bonito e muitos amigos. Falsos amigos, interesseiros, é verdade. Mas nem isto eu tenho, ela pensava. Nem alguém querendo se aproximar de mim para satisfazer interesses próprios. Que bobagem! Por que alguém teria interesse em mim? Não tenho nada. Não tenho poder, nem pareço ter. Status, dinheiro, posses... nada! Um emprego qualquer e um apartamento alugado não despertariam a inveja de ninguém.
Depois, talvez pelo efeito dos goles de cerveja, se sentiu confortável, gostou da idéia de ser uma princesa. Afinal, a Princesa Elisa era tudo o que ela tinha. Era a melhor parte dela mesma. A parte doce, inocente, ingênua. A Princesa Elisa era uma criança. Era a sua melhor lembrança e, quem sabe, seu melhor presente também.
Não viu o tempo passar naquele bar. As memórias transportaram Elisa pra longe. Já era noite e só restavam três mesas ocupadas. Um casal, um velho barbudo e Elisa. Os garçons estavam impacientes. Já fechavam janelas, recolhiam bandejas. Apesar da tontura que o álcool lhe causava e da viagem ao passado, Elisa já havia percebido que era hora de ir embora. Além do mais, dali a poucas horas tinha que ir trabalhar. Foi embora sem pagar.
Ninguém foi atrás dela cobrar a dívida. Deixa, coitada. Deixa ela ir. Essa aí vem quase todos os dias, desse mesmo jeito. Tiara de prata, que mal aparece no cabelo embaraçado e volumoso, capa de tule rosa e um batom bem claro nos lábios. Sempre sai daqui bêbada, mas alegre. Como se esse momento fosse a melhor parte do seu dia e a desse forças para agüentar o próximo. Hoje, saiu calada. E, antes, disso, gritou com os garçons para que a chamassem de princesa. Ou melhor, Princesa Elisa.
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
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6 comentários:
Até onde vamos com nossas ilusões? Interessante, gostei muito do texto. Parabéns. Bjos. ;)
Texto muito bom, Gi!
Explorou bem o territória da imaginação. Mantenha sempre o blog atualizado!
Beijoo!!
Muito bom o texto! Faz pensar um pouco sobre a questão da (in)sanidade. Até que ponto somos tão normais quanto acreditamos ser?
Boa história, continue atualizando :)
bjs
GIANA!! o q aconteceu com esse blog, mulher?! hehe
atualiza!
Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Projetores, I hope you enjoy. The address is http://projetor-brasil.blogspot.com. A hug.
Quero ser princesa.
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